quinta-feira, 16 de julho de 2009

Foi apenas um sonho

Acabei de assistir mais um filme que, como outros raros, me deixam pensativo. Trata-se do mesmo que dá nome a esta postagem e me foi como um alívio pra quem passa por um momento de frustração. Em suma, trata-se da crônica da morte de um sonho... Quem nunca teve um sonho? Eu mesmo tive vários... espere... eu ainda os tenho apesar de ter entrado numa fase de enebriação com a falsa segurança da pragmaticidade. Voltando, nunca me identifiquei tanto com o exemplo emblemático de que boas intenções não são suficientes para se ser feliz... ou talvez, o conceito de felicidade deve estar de tal maneira intrínseco ao da utopia que me faz pensar que talvez sejam sinônimos e por isso seja a razão de ser a angústia o resultado da busca por esse ideal.

Para os que se apercebem "num vazio sem esperança" e que não se enquadram na fantasia da massa do padrão de felicidade, resta a agonia de escolher entre a insistência ou a tentadora vontade de se acomodar ao conforto lacaniano de ser mais um neurótico ao atribuir a alguém a responsabilidade de pensar em troca da fantasia de que se é livre. No filme, o casal retrata bem essa dualidade. As tentativas de salvar o relacionamento de ambos, a vontade irracional de dar certo de um lado e a fraqueza do outro que sucumbe a tentação de se conformar com a situação. O mais cruel de tudo é que se apercebe a sinceridade do sentimento que une a ambos, mas a fantasia de que isso é o bastante vai se mostrando falha. Foi mais um baque na fantasia de amor eterno e de que deve-se fazer tudo o possível. Como disse certa vez, não sou do tipo que tem tiradas geniais, mas ao menos tenho a capacidade de enxergar algumas coisas. Estou falando nisso porque me lembrei de Vinícius de Morais com sua máxima do "que seja eterno enquanto dure". Talvez a grande sacada (ou piada) disso tudo é que o ciclo com início, meio e fim que inexoravelmente se repete em tudo e talvez seja mais divertido viver o processo do que pensar em resultados.
A pitada de amargura do meu ponto de vista, caro leitor, não é mera coincidência. Como já disse me identifiquei e agora passo pela fase em que me seguro pra tentar não ser irracional ao tentar pela enésima vez. O melhor disso tudo é que me sinto mais tranquilo pela intuição de que isso será expurgado e na idéia de voltar a acreditar que é possível um dia desses... ando meio ansioso para começar um novo ciclo. Enquanto isso, parafraseando agora Bandeira, talvez seja o melhor remédio dançar um tango argentino ao invés de pensar em tudo que poderia ter sido e não foi.
para ler uma crítica decente e não uma enxurrada de percepções, vem por aqui.
p.s: Não se esqueça que tenho o direito de desmentir tudo isso daqui a algum tempo. Assim espero... huauhahuahuahua